Max Weber



Nascimento               21 de abril de 1864,  Erfurt,  Alemanha

Morte                       14 de junho de 1920 (56 anos),
           Munique, Alemanha

Nacionalidade           Alemã

Ocupação                   Jurista, economista e sociólogo

Principais trabalhos   Economia e Sociedade;  A Ética Protestante
              e o "Espírito" do Capitalismo

Cônjuge                      Marianne Schnitger



Ficheiro:Max Weber 1894.jpg


Maximillian Weber (Erfurt21 de Abril de 1864 — Munique14 de Junho de 1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores daSociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista Alfred Weber. A esposa de Max Weber, Marianne Weber, era socióloga e historiadora do Direito.
É considerado um dos fundadores do estudo moderno da sociologia e administração pública. Começou sua carreira acadêmica na Universidade Humboldt, em Berlim e, posteriormente, trabalhou na Universidade Albert Ludwigs, de Freiburg, na Universidade de Heidelberg, na Universidade de Viena e na Universidade de Mônaco. Personagem influente na política alemã da época, foi consultor dos negociadores alemães noTratado de Versalhes (1919) e da Comissão encarregada de redigir a Constituição de Weimar.
Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi reservado para o chamado processo de racionalização e desencantamento que provém da sociedade moderna e capitalista. Mas seus estudos também deram contribuição importante para a economia. Sua obra mais famosa é o ensaio A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, com o qual começou suas reflexões sobre a sociologia da religião. Weber argumentou que a religião era uma das razões não-exclusivas do porque as culturas do Ocidente e do Oriente se desenvolveram de formas diversas, e salientou a importância de algumas características específicas do protestantismo ascético, que levou ao nascimento do capitalismo, a burocracia e do estado racional e legal nos países ocidentais. Em outro trabalho importante, Política como vocação, Weber definiu o Estado como "uma entidade que reivindica o monopólio do uso legítimo da força física", uma definição que se tornou central no estudo da moderna ciência política no Ocidente. Em suas contribuições mais conhecidas são muitas vezes referidas como a “Tese de Weber".
Carisma: A dominação carismática é muito frágil e a devoção ao líder só é mantida enquanto o carisma, forma de poder exercida pelos indianos na segunda guerra mundial.

Biografia

Foi o primogênito de oito filhos de Max Weber e Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era uma figura autocrata. Sua mãe uma calvinistamoderada. A mãe de Helene tinha sido uma huguenote , francesa, cuja família fugira da perseguição na França. Ele foi, juntamente com Karl MarxVilfredo ParetoAugusto Comte e Émile Durkheim, um dos modernos fundadores da Sociologia. É conhecido sobretudo pelo seu trabalho sobre a Sociologia da religião.
Seu pai, Sr. Max Weber, foi um funcionário público e político liberal; a mãe, Helene Fallenstein, uma calvinista moderada. Max foi o primeiro de sete filhos, incluindo seu irmão Alfred Weber, quatro anos mais jovem, também sociólogo, mas, sobretudo, um economista, que também desenvolveu uma importante sociologia da cultura. A família estimulou intelectualmente os jovens Weber desde a tenra idade.
Em 1882 Max Weber matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Heidelberg, onde seu pai havia estudado, freqüentando também cursos de economia política, história da Idade Média e teologia. Em 1884 voltou para casa paterna e se transferiu para a Universidade de Berlim, onde obteve em 1889 o doutorado em Direito e em 1891 a docência livre, ambos com escritos da história do direito e da economia.
Depois de completar estudos jurídicos, econômicos e históricos em várias universidades, se distingue precocemente em algumas pesquisas econômico-sociais com a Verein für Sozialpolitik, a associação fundada em 1873 pelos economistas associados à Escola Histórica Alemã em que Weber já tinham aderido em 1888. Em 1893 casou-se com Marianne Schnitger, mais tarde uma feminista e socióloga, bem como curadora póstuma das obras de seu marido.
Foi nomeado professor de Economia nas universidades de Freiburg em 1894 e de Heidelberg em 1896. Entre 1897, ano em que seu pai morreu, e 1901 sofreu de uma aguda depressão, de modo que do final de 1898 ao final de 1902 não poderia realizar atividades regulares de ensino ou científicas.
Curado, no Outono de 1903 renunciou ao cargo de professor e aceitou uma posição como diretor-associado do recém-nascido Archiv für und Sozialwissenschaft Sozialpolitik (Arquivos de Ciências Sociais e Política Social), com Edgar Jaffé e Werner Sombart como colegas: nesta revista publicaram em duas partes, em 1904 e 1905, o artigo-chave A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Naquele mesmo ano, visitou os Estados Unidos. Graças a uma enorme renda privada derivada de uma herança em 1907, ainda conseguiu se dedicar livremente e em tempo integral aos seus estudos, passando da economia ao direito, da filosofia à história comparativa e à sociologia, sem ser forçado a retornar à docência. Sua pesquisa científica abordou questões teórico-metodológicas cruciais e tratou complexos estudos histórico-sociológicos sobre a origem da civilização ocidental e seu lugar na história universal.
Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como diretor de hospitais militares de Heidelberg e ao término do conflito, voltou ao ensino da disciplina de economia, primeiro em Viena e em 1919 em Munique, onde dirigiu o primeiro instituto universitário de sociologia na Alemanha. Em 1918 ele estava entre os delegados da Alemanha em Versalhes para a assinatura do tratado de paz e foi conselheiro para os redatores da Constituição da República de Weimar. Morreu em 1920, atingido pela grande epidemia de gripe espanhola do pós-guerra.


Escritos e Obras


A ética protestante e o espírito do capitalismo, 1. ed., 1904
A obra de Weber, complexa e profunda, constitui um momento da compreensão dos fenômenos históricos e sociais e, ao mesmo tempo, da reflexão sobre o método das ciências histórico-sociais. Historiador, sociólogo, economista e político, Weber trata dos problemas metodológicos com a consciência das dificuldades que emergem do trabalho efetivo do historiador e do sociólogo, sobretudo com a competência do historiador, do sociólogo, e do economista. Crítico da "escola historicista" da economia (Roscher, Knies e Hildebrandt), Weber reivindica contra ela, a autonomia lógica e teórica da ciência, que não pode se submeter a entidades metafísicas como o "espírito do povo" que Savigny, nas pegadas de Hegel, concebia como criador do direito, dos sistemas econômicos, da linguagem e assim por diante. Para Weber, o "espírito do povo" é produto de inumeráveis variáveis culturais e não o fundamento real de todos os fenômenos culturais de um povo.
Em outra visão, o pensamento de Weber caracteriza-se pela crítica ao materialismo histórico, que dogmatiza e petrifica as relações entre as formas de produção e de trabalho (a chamada "estrutura") e as outras manifestações culturais da sociedade (a chamada "superestrutura"), quando na verdade se trata de uma relação que, a cada vez, deve ser esclarecida segundo a sua efetiva configuração. E, para Weber, isso significa que o cientista social deve estar pronto para o reconhecimento da influência que as formas culturais, como a religião, por exemplo, podem ter sobre a própria estrutura econômica.
Dentre as influências que sua obra manifesta, podemos enxergar também seu diálogo com filósofos comoImmanuel Kant e Friedrich Nietzsche e com alguns dos principais sociólogos de seu tempo, como Ferdinand TönniesGeorg Simmel e Werner Sombart, entre outros.
Os escritos de Weber foram organizados e publicados por Marianne Weber e foram organizados da seguinte forma:
  • Gesammelte Aufsätze zur Religionsoziologie (3 vols.) - Ensaios Reunidos de Sociologia da Religião, 1920-1921;
  • Gesammelte Politische Schriften, 1921 - Escritos Políticos;
  • Wirtschaft und Gesellchaft, 1922 - Economia e Sociedade ;
  • Gesammelte Aufsätze zur Wissenchaftleren, - 1922 - Ensaios Reunidos de Metodologia;
  • Gesammelte Aufsätze zur Sozial und Wirtschaftgeschichte, 1924 - Ensaios Reunidos de História Econômica ;
  • Gesammelte Aufsätze zur Soziologie und Sozialpolitik, 1924 - Escritos de Sociologia e Política Social;
  • Jugendbriefe, 1936 - Cartas de juventude.
Dentre seus escritos mais conhecidos destacam-se "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1904), a obra póstuma "Economia e Sociedade" (1920), "A ciência como vocação" (1917) e "A política como vocação" (1919).


Primeiros trabalhos

Os primeiros textos acadêmicos de Weber estão ligados a trabalhos desenvolvidos em sua formaçáo na estrutura universitária alemã. O primeiro trabalho propriamente dito foi o escrito "A história das companhias comerciais da idade média". Esta tendência para combinar análise jurídica com análise histórica continua com seu próximo trabalho, chamado "A história agrária romana". Aqui ele analisa a estrutura jurídica da propriedade agrária de Roma em sua fase tardia. Ainda que seja um escrito bastante técnico, ele procura contextualizar sua pesquisa no contexto histórico, o que mostra a preocupação social de suas investigações.
Durante seu período como professor universitário, Weber dedicou-se ao ensino da economia política. Seguindo a linha da chamada "Escola histórica" ele procurou distanciar-se tanto do marxismo quanto da tendência teorética da nascente escola marginalista que se desenvolvia na Áustria. Deste período podemos localizar o livro "A bolsa" que Weber escreveu com intenções didáticas e que mostram sua visão do capitalismo moderno.
A aproximação com os temas sociais está ligada á pesquisa empírica de Weber na região do Leste do rio Elba. Analisando processo migratório de poloneses no leste da Alemanha, Weber analisou as tendências da introdução do capitalismo no campo e deu especial destaque as consequências políticas daquele processo. Aplicando diversos questionários e levantando inúmeros dados ele concluiu que o acelerado processo de modernização econömica da Alemanha estava minando a estrutura de poder da classe dirigente: a aristocria agrária (denominada de classe Junker). Tal visáo foi especialmente apresentada em uma Aula Inaugural pronunciada em 1895 e denominada "O Estado Nacional e a Política Econômica".
Profundamente envolvido com a vida acadêmica, a produção de Weber sofre uma interrupção a partir de 1897. É somente depois desta fase que a produção "sociológica" de Weber ganha relevo.


A objetividade do conhecimento

Em 1903, junto com Werner Sombart e Chistopher Soares, Weber funda o "Arquivo para a Ciência Social e a Ciência Política". No texto que escreveu para a revista, intitulado "A objetividade do conhecimento na ciência política e social" (de 1904) ele apresentou sua posição na discussão sobre os métodos das ciências humanas, polêmica que sacudia o mundo universitário da época.
a tradição alemã de filosofia social tinha suas origens em Kant. Mas, a tentativa de fundamentar as ciências históricas com o pensamento kantiano só teve início com o trabalho de Wilhelm Dilthey, em 1883. A reinvindicação fundamental do seu trabalho foi mostrar o estatuto ontólógico diferenciado das ciências históricas e sociais diante das ciências da natureza. Na Alemanha este esforço continuou com os trabalhos de Wilhelm Windelbanda e Heinrich Rickert.
Rivalizando com esta escola, os seguidores da visão austríaca de pensamento econômico entendiam que a função das ciências humanas era formular leis que explicassem os fenômenos sociais. Esta posição, chamada de "positivismo" era defendida por Carl Menger.
Max Weber não se enquadrava diretamente em nenhuma destas posições. Com a escola neo-kantiana, ele concorda com o fato de que as ciências humanas lidam com o fenömeno do valor. Só analisamos aqueles elementos da realidade que tem algum sentido para nós, a partir de nossas referências de valor. Tal posição fora retirada por Weber de Heinrich Rickert. Mas, nem por isso ele rejeitava o valor da imputação causal nas ciências humanas, pois eram um instrumento indispensável para a explicação dos mecanismos de entendimento da vida social. Em síntese, Weber propunha a unificação das ciências humanas integrando a "verstehen" e a "erklären" em uma visão unitária de ciência.
O principal problema desta posição, contudo, é que elas colocavam em questão o valor objetivo da ciência. Weber reconheceu que toda pesquisa tem um ponto de partida subjetivo (ligado a referência de valor do pesquisador), mas entendeu que este dado não destruía a objetividade da ciência. O valor cognitivo da ciência social reside na sua capacidade de controlar a pesquisa mediante métodos sistemáticos e padronizados de trabalho. Assim, se o ponto de partida da investigação até pode ser subjetivo, ocorre que o ponto de chegada deverá se rigorosamente objetivo.
Neste mesmo texto Weber apresentou uma definição de um dos seus mais importantes conceitos: o TIPO IDEAL. Derivado indiretamente da noção kantiana de "a priori", tal conceito mostra que as categorias da ciência social são uma construção subjetiva do pesquisador, feita a partir de seus interesses. Como tais, eles selecionam na realidade, sempre complexa e caótica, certos elementos que serão aglutinados como um tipo idealmente perfeito. Conceitos não emanam diretamente da realidade (visão hegeliana), nem são formados apenas por abstração de elementos comuns e genéricos (visão aristotélica), pois eles implicam em acentuar determinados elementos para que eles possam ser compreendidos. Trata-se de reunir o caos inesgotável da realidade em conceito compreensíveis.
Ainda que Weber não tenha defendido uma visão acentuadamente dualista da cïência, A objetividade do conhecimento na ciëncia política e na ciência social" constitui ainda hoje o principal texto para quem defende uma visão não naturalista de ciência, ou seja, que defende a tese de que as ciências humanas são essencialmente diferenciadas das demais ciências de corte empírico-natural.


Sociologia

Os principais conceitos sociológicos de Weber foram desenvolvidos em um amplo escrito denominado Economia e Sociedade, cuja publicação póstuma coube a sua esposa, Marianne Weber, em 1920 (e em várias edições posteriores). Um dos conceitos-chaves da obra e da teoria sociológica de Weber é a ação. A ação é um comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de maneira subjetiva e a ação social, característica por ser uma ação que possui um sentido visado e é determinado pelo comportamento alheio. A análise da teoria weberiana como ciência tem como ponto de partida a distinção entre quatro tipos de ação (que são sociais):
  • A ação racional com relação a um objetivo é determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o engenheiro que constrói uma ponte.
  • A ação racional com relação a um valor é aquela definida pela crença consciente no valor - interpretável como éticoestéticoreligioso ou qualquer outra forma - absoluto de uma determinada conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença consciente no valor, por exemplo, um capitão que afunda com o seu navio.
  • A ação afetiva é aquela ditada pelo estado de consciência ou humor do sujeito, é definida por uma reação emocional do ator em determinadas circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valor, por exemplo, a mãe quando bate em seu filho por se comportar mal.
  • A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitoscostumes, crenças transformadas numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o ator não precisa conceber um objeto, ou um valor nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática.
Tanto a ação afetiva quanto a tradicional produzem relação entre pessoas (relações pessoais), são coletivas, comunitárias, nos dão noção de comunhão e conceito de comunidade.
Observe-se que na concepção de Durkheim, a comunidade é anterior a sociedade, ou melhor, a comunidade se transforma em sociedade. Já para Weber comunidade e sociedade coexistem. A comunidade existe no interior da sociedade, como por exemplo, a família(comunidade) que existe dentro da sociedade.
Ação social é um comportamento humano, ou seja, uma atitude interior ou exterior voltada para ação ou abstenção. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas.
Para Weber a Sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social. Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave da investigação evidenciando o que para ele era o ponto de partida para a Sociologia, a compreensão e a percepção do sentido que a pessoa atribui à sua conduta.
O principal objetivo de Weber é compreender o sentido que cada pessoa dá a sua conduta e perceber assim a sua estrutura inteligível e não a análise das instituições sociais como dizia Durkheim. Aquele propõe que se deve compreender, interpretar e explicar respectivamente, o significado, a organização e o sentido e evidenciar regularidade das condutas. Ou seja, cabe a sociologia entender como acontecem e se estabilizam as relações sociais, os grupos organizados e as estruturas coletivas da vida social.
Com este pensamento, não possuía a ideia de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais globais, dando importância à necessidade de entender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam essas situações sociais. Ou seja, a sua ideia é que a sociedade como totalidade social é o resultado das formas de relação entre seus sujeitos constituintes. Tomando como ponto de partida da compreensão da vida social o papel do sujeito, a teoria de Max Weber é denominada de individualismo metodológico.


Sociologia da Religião

Religião também foi um tema que esteve presente nos trabalhos de Weber. "A ética protestante e o espírito do capitalismo" foi a sua grande obra sobre esse assunto. Nesse seu trabalho ele tinha a intenção de examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos homens, procurando avaliar a contribuição da ética protestante, em especial o calvinismo, na promoção do moderno sistema econômico.
Weber concebia que, no desenvolvimento do capitalismo, dois fatores deveriam ser apreciados: a forma (em particular, a moderna organização racional do trabalho e da empresa) e o espírito do capitalismo (que ele exemplicou através do exemplo das máximas de }Benjamin Franklin, como "tempo é dinheiro", "crédito é dinheiro", "o dinheiro é prolífico por natureza", etc.) Era este segundo aspecto que sua obra procurava destacar. Os pioneiros do capitalismo pertenciam às seitas puritanas e em função disso levavam a vida pessoal e familiar com bastante rigidez. As convicções religiosas desses puritanos os levavam a crer que o êxito econômico era como uma bênção de Deus. Estas motivações religiosas são examinadas por Weber desde a concepção de vocação de Martinho Lutero, passando pelas análise dos grupos religiosos do puritanismo, como os calvninistas, pietistas e seitas anabatistas. É a partir do caráter racional conferido ao trabalho e a busca da riqueza a partir destas crenças que o modo de vida capitalista se propagou e generalizou. Segundo a expressão weberiana, haveria uma afinidade eletiva entre a ética protestante o espírito do capitalismo. Atualmente, a motivação religiosa da busca disciplinada da riqueza mediante o trabalho ordenado foi sendo substituída por motivações puramente mundanas - e pelas figuras racionais e seculares do empresário e do capitalista - lógica que Weber entendeu conduzirem o mundo moderno a uma "jaula de ferro". Esta visão crítica do capitalismo encorajou certos pensadores marxistas (como Georg Lukács,Karl Löwith,Michael Löwy a ressaltarem algumas afinidades do seu pensamento com a visão marxista, corrente que, sem menosprezar as sensíveis diferenças entre as duas formas de pensamento, foi sendo denominada de webero-marxismo.
Em período posterior, Max Weber ampliou seu estudo sobre as religiões e destacou a íntima relação entre as idéias religiosas e os interesses materiais dos grupos sociais. Além de visar entender porque as demais religiões inibiram o desenvolvimento do capitalismo em outras partes do mundo, ele mostrou como as diferentes visões religiosas implicavam em formas diferenciadas de racionalização da visão de mundo e da conduta. Mas, foi somente no Ocidente que se desenvolveu um amplo e completo processo de desencantamento do mundo que passa pelo judaísmo antigo e se consolida no protestantismo ascético.
Nos escritos dedicados a este tema, Weber descreve as seguintes religiões mundiais:


Em toda sua obra, Weber faz ainda considerações sobre o cristianismo primitivo, o catolicismo medieval, o islamismo e outros tipos de religiões. Nesta direção, Weber (junto com Émile Durkheim) é um dos fundadores da sociologia da religião, área de estudos sociológicos que estuda o caráter social e cultural dos comportamentos religiosos. Do ponto de vista analítico também é famosa a distinção weberiana entre igreja e seita e outras noções teóricas, como ascetismomisticismo, religião ou sua análise dos atores religiosos, como os mágicos, sacerdotes e profetas.


Sociologia Política

Weber também é conhecido pelo seu estudo da burocratização da sociedade. No seu trabalho, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da organização baseada em valores e acção (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objectivos e acção (chamada legal-racional). O resultado segundo Weber é uma "noite polar de frio glacial" na qual a crescente burocratização da vida humana a coloca numa gaiola de metal de regras e de controle racional. Seus estudos sobre a burocracia da sociedade tiveram grande importância no estudo da Teoria da Burocracia, dentro do campo de estudo da administração de empresas.
Dominação é a possibilidade de um determinado grupo se submeter a um determinado mandato. Isso pode acontecer por motivos diversos, como costumes e tradição. Weber define três tipos de dominação que podem ser consideradas legítimas. São elas: legal, tradicional e carismática.

DOMINAÇÃO LEGAL: É baseada principalmente na promulgação e é mais bem representada pela burocracia. A idéia principal da dominação legal é que deve existir um estatuto que pode ou criar ou modificar normas, desde que esse processo seja legal e de forma previamente estabelecido. Nessa forma de dominação, o dominado obedece à regra, e não à pessoa em si, independente do pessoal, ele obedece ao dominante que possui tal autoridade devido a uma regra que lhe deu legitimidade para ocupar este posto, ou seja, ele só pode exercer a dominação dentro dos limites pré-estabelecidos. Assim o poder é totalmente impessoal, onde se obedece à regra estatuída e não à administração pessoal, o administrador deve proceder de forma que seus motivos pessoais ou sentimentais não atrapalhem suas decisões, o que ainda é muito importante nos dias de hoje. Como exemplo do uso da dominação legal podemos citar o Estado Moderno, o município, uma empresa capitalista privada e qualquer outra união que haja uma hierarquia organizada e regulamentada. O ingresso de um funcionário em uma empresa é livre, e assim, a partir de seu ingresso, ele deve ser submetido às regras da empresa, ele terá sua submissão regulamentada em um contrato, mas sua renúncia é igualmente livre.A forma mais pura de dominação legal é a burocracia, mas nenhuma estrutura de autoridade é puramente burocrática, já que não tem como uma empresa ser constituída apenas de funcionários contratados, sempre tem de ter os dignitários, ou seja, aqueles que ocupam o cargo mais alto.

DOMINAÇÃO TRADICIONAL: Se dá pela crença na santidade de quem dá a ordem e de suas ordenações, sua ordem mais pura se dá pela autoridade patriarcal onde o senhor ordena e os súditos obedecem e na forma administrativa isso se dá pela forma dos servidores. O ordenamento é fixado pela tradição e sua violação seria um afronto á legitimidade da autoridade. Nos dias de hoje, pode-se observar a dominação tradicional quando, por exemplo, um pai emprega seu filho em uma empresa pelo simples fato de ser seu filho e não por suas qualificações profissionais. Os servidores são totalmente dependentes do senhor e ganham seus cargos seja por privilégios ou concessões feitas pelo senhor, não há um estatuto e o senhor pode agir com livre arbítrio.

DOMINAÇÃO CARISMÁTICA: A dominação carismática é muito frágil e a devoção ao líder só é mantida enquanto o carisma, .
Além de uma rigorosa e sistemática sociologia política - alicerçada em seus tipos de dominação - Max Weber foi um dos mais argutos analistas da política alemã, que analisou durante o Segundo Império Alemão e durante os anos iniciais da República de Weimar. Crítico da política de Bismarck, líder que, ao monopolizar o poder, deixou a nação sem qualquer nível de sofisticação política, Weber sempre apontou a necessidade de reconstrução da liderança política. No escrito "O Estado Nacional e a Política Econômica", de 1895, ele já mostrava como as diferentes classes sociais não se mostravam aptar a dirigir a nação, seja pela sua decadência social (caso dos Junkers), seja pela sua imaturidade política (caso da burguesia e do proletariado). No final de sua vida, Weber debateu com intensidade os problemas da vida política alemã e apoiou a democratização plena da Alemanha. Ele julgou que o parlamento (veja o escrito "Parlamento e Governo na Alemanha Reordenada", de 1917) poderia ser uma grande escola de líderes, desde que praticasse uma política positiva, com maior responsabilidade sobre o governo. Nos anos seguintes, ele apostou na meta de uma democracia plebiscitária, acreditando que um líder popular eleito diretamente pelo povo poderia encarnar a força necessária para vencer a dominação da burocracia na condução do Estado. Apesar do compromisso de Weber com a autonomia, a democracia e os princípios liberais, alguns analistas (como Jean Paul Mayer e Wolfgang Mommsen) criticaram sua visão, alegando que o liberalismo de Weber era limitado por preocupações nacionalistas. Outros intérpretes, contudo, concordam que Weber tinha uma preocupação muito aguda com os fenômenos da burocratização e que sua contribuição consistia em pensar quais os espaços possíveis de liberdade diante das transformações do capitalismo contemporâneo.
A visão que Weber tinha do papel do líder político na sociedade contemporânea pode ser apreciada em um de seus escritos mais famosos: Politik als Beruf (A política como vocação). Após relembrar seus conceitos centrais (política, poder, Estado e os tipos de dominação), Weber discorre sobre o processo de formação do Estado Moderno (resultado da monopolização dos meios de gestão da violência), destacando como ele foi acompanhado com o surgimento de uma figura muito peculiar no Ocidente: o político profissional. Segundo o autor, a vocação política exigia certas qualidades, entre as quais ele destacou a paixão por uma causa, o senso de proporção e a responsabilidade. Longe de mover-se apenas na esfera crua da luta do poder pelo poder (Realpolitik), ele achava que a classe política poderia seguir parâmetros éticos de dois tipos: a ética da convicção ou a ética da responsabilidade. Assim, longe de aderir a uma política sem ética (realpolitik), mas sem aderir a uma visão idealista da mesma (ética da convicção), a ética da responsabilidade que deveria orientar a ação política.
Dentre seus herdeiros diretos, podemos mencionar autores do campo jurídico e político, como Hans Kelsen e Carl Schmitt, que carregam muitas idéais da visão weberiana da democracia, do Estado e do Direito. A teoria democrática de Weber também foi desenvolvida por autores como Joseph Schumpeter e, mais tarde, encontra ecos em Robert Dahl: esta visão teórica da democracia passou a ser intitulada "elitismo democrático" ou, ainda, "pluralismo democrático". Dentre os estudiosos mais importantes da sociologia política weberiana destacam-se os nomes de Wolfgang MommsenRichard BellamyDavid Beetham e Anthony Giddens.


Sociologia Econômica

Durante a maior parte de sua vida acadêmica, Max Weber foi docente de disciplinas da área econômica. Aliás, seu último livro, um conjunto de notas de aula publicados por seus alunos, chama-se justamente "História Geral da Economia". Desta forma, não é surpresa que Weber elabore uma sofisticada abordagem sociológica da vida econômica. Por esta razão, há até teóricos que defendem que, em última instância, toda obra de Weber não passa de uma teoria econômica, qual seja, uma visão sócio-histórica da vida aquisitiva.
Na sua primeira fase, seguindo a tradição marxista, Weber tendia a ver o capitalismo como um fenômeno específicamente moderno. Na famosa Ética Protestante (de 1904), apesar de colocar em relevo os fatores culturais da gênese da conduta capitalista, era esta visão que predominava. Mas, nas décadas seguintes, ele romperá com estas noções. Em primeiro lugar, ele insere o capitalismo (na sua fase "moderna") em um amplo processo de racionalização da cultura e da sociedade. Ou seja, enquanto fênômeno social, o capitalismo é uma das expressões da vida racionalizada da modernidade Ocidental e é similar, em sua forma racional, ao campo da política, do direito, da ciência, etc. Outra mudança importante é que Weber rompe com a definição marxista de que o capitalismo é um fenômeno exclusivo da era moderna: daí a expressão capitalismo "moderno". Para Weber, o capitalismo é um fenômeno que atravessa a história, pois a busca do lucro já pode ser localizada nas sociedades primitivas e antigas, nas grandes civilizações e mesmo nas sociedade não-ocidentais.
Com base nestas premissas, Weber construiu diferentes "tipos ideais" de capitalismo, como a capitalismo aventureiro, o capitalismo de Estado, o capitalismo mercantil, capitalismo comercial, etc.
As principais análises de Weber sobre o campo econômico podem ser encontradas no segundo capítulo de Economia e Sociedade, tópico em que ele discute a ordem social econômica. Ali ele destaca que o processo de racionalização da atividade econômica também envolve a passagem de uma racionalidade material - na qual a vida econômica está submetida a valores de ordem ética ou política - para uma racionalidade formal, ou seja, na qual a lógica impessoal das atividades econômicase e lucrativas se torna predominante.
Por estas razões, Max Weber é considerado, atualmente, um dos precursores da "sociologia econômica", conjunto de autores que se recusa a entender a vida econômica como relacionada apenas com o mercado, concebido de forma abstrata, separado de suas condições históricas, culturais e sociais.


A ciência como vocação

Além do papel da política, as análises de Weber também contemplam o papel do conhecimento científico no mundo moderno. Na famosa conferência "Wissenschaft als Beruf" (A ciência como vocação), o pensador entendeu que a ciência era um dos fatores fundamentais do processo de desencantamento do mundo. Através da visão científica, a realidade era expurgada de seus elementos mágicos e o sentido último da realidade é retirado do mundo, ficando a cargo das religiões ou da própria consciência do indivíduo. Muitos autores apontam neste escrito os ecos da tese da "morte de Deus", apresentada pelo filósofo Friedrich Nietzsche. Para Weber, a modernidade achava-se dilacerada por um conflito de valores - na linguagem de Weber, pela guerra dos deuses - e a escolha do sentido último da vida era uma responsabilidadae pessoal que não poderia ser credita à ciência. Ao saber científico cabe a explicação dos mecanismos de funcionamento do mundo, e não a determinação do ser verdadeiro, da verdadeira arte, da verdadeira natureza, do verdadeiro Deus ou mesmo da verdadeira felicidade. Na visão de Weber, cada indivíduo deve encontrar um sentido para sua existência e, neste caso, a própria vocação científica constituía um exemplo: dentre as qualidades de um cientista, ele destacou a necessidade de especialização, mas também de inspiração e, acima de tudo, paixão.


Influência Posterior

Max Weber é provavelmente o autor mais influente e conhecido no âmbito das ciências sociais. Não apenas a sociologia e a ciência política moderna o têm como autor central e referência constante, mas também o direito, a economia, a administração de empresas e até a filosofia mobilizam várias de suas interpretações e ideias.
Influenciado na mocidade pelo filósofo Wilhelm Dilthey, que foi um filósofo, psicólogo e pedagogo alemão. Mas foram Marx e Nietzsche, reconhecidos pelo próprio Weber como os pensadores decisivos de seu tempo, aqueles que segundo alguns biógrafos tiveram maior impacto sobre a obra do sociólogo alemão.
A influência de Marx evidencia-se no fato de ambos terem compartilhado o grande tema - o capitalismo ocidental – e dedicado a ele boa parte de suas energias intelectuais, estudando-o da perspectiva histórica, econômica, ideológica, e sociológica. Weber propôs-se a verificar a capacidade que teria o materialismo histórico de encontrar explicações adequadas à história social, especialmente sobre as relações entre a estrutura e a superestrutura. Em suma, procurou compreender como as ideias, quanto os fatores de ordem material, cobravam força na explicação sociológica sem deixar de criticar o monismo casual que caracteriza o materialismo marxista nas suas forças vulgares.
Weber também é herdeiro da percepção de Friedrich Nietzsche (1844/1900) segundo a qual a vontade de poder, expressa na luta entre valores antagônicos, é que torna a realidade social, política e econômica compreensível. Isso refletia preocupações correntes de historiadores, sociólogos e psicólogos alemães, interessados pelo caráter conflituoso implícito no pluralismo democrático.
Ele inspirou por ter captado a "ambiguidade construtiva" do racionalismo singular do Ocidente, os dois diagnósticos mais importantes para a auto-compreensão do ocidente até os dias de hoje: uma concepção liberal, afirmativa e triunfalista do racionalismo ocidental; e uma concepção crítica desse mesmo racionalismo, que procura mostrar sua uni dimensionalidade e superficialidade.


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Dentre os principais teóricos influenciados pelo pensamento weberiano, podemos citar:
Nos Estados Unidos, algumas obras de Weber foram traduzidas já na década de 30, pelo eminente sociólogo Talcott Parsons. Este pensador também incorporou algumas idéias weberianas em sua "teoria voluntarista da ação" (desenvolvida em 1937). Nas décadas posteriores, contudo, a leitura parsoniana de Weber foi sendo fortemente criticada, com destaque para a coletânea de textos existentes em From Max Weber (1946), organizada por Charles Wright Mills e Hans Gerth. Na França, o pensamento weberiano foi difundido por Raymond Aron e Julien Freund e, mais recentemente, uma estudiosa destacada é Catherine Colliot-Thélene.Na Alemanha, Jürgen Habermas concede a Weber um papel fundamental em sua "Teoria da ação comunicativa", descrevendo a sociologia weberiana da racionalização. Outro comentador especializado e com muitas obras dedicadas ao tema é Wolfgang Schluchter.
No Brasil, além de autores clássicos como Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro, o pensamento weberiano é descrito por estudiosos como Gabriel CohnMaurício TragtenbergJosé Guilherme Merquior e, atualmente, Antônio Flávio Pierucci e Jessé Souza.


Cronologia

  • 21 de Abril de 1864 - Max Weber nasce em Erfurt. Os pais são o jurista e mais tarde deputado do parlamento imperial (Reichstag) pelo partido nacional-liberal, Max Weber e Helene (nascida na família Fallenstein)
  • 1882-1886 - estudos de Direito, Economia Nacional, Filosofia e História
  • 1889 - doutoramento em Direito
  • 1892 - habilitação em direito canónico romano e direito comercial (em Berlim)
  • 1893 - obteve uma posição temporária na Universidade de Berlim. Casamento com Marianne Schnitger (1870-1954), que será mais tarde activista pelos direitos da mulher e socióloga
  • 1894 - assume a posição de professor de Economia na Universidade de Freiburg
  • 1897 - professor de Economia Nacional na Universidade de Heidelberg
  • 1898 - em virtude de uma crise familiar, Weber sofre um colapso nervoso e abandona o trabalho académico, sendo internado periodicamente até 1903
  • 1904 - regressa à actividade profissional. Actividade redactorial no jornal "Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik", que se tornou o jornal líder da ciência social alemã. Weber fez neste ano uma viagem aos Estados Unidos, onde deu aulas
  • 1907 - recebe uma herança que o liberta de quaisquer preocupações financeiras
  • 1909 - é co-fundador da sociedade Alemã de Sociologia
  • 1914-1918 - Primeira guerra mundial, em 1914, Weber acolhe entusiasticamente o início da Guerra (um nacionalismo militarista muito comum na altura, partilhado entre outros por Thomas Mann). Inscreveu-se como voluntário no exército (Reichswehr). Em 1915 mudou de ideias, tornando-se um pacifista
  • 1917 - nos Colóquios de Lauenstein apela à continuação da guerra, ao mesmo tempo defendendo o retorno ao parlamentarismo
  • 1918 - co-fundador do partido democrático alemão (Deutsch-Demokratische Partei; o DDP)
  • 1919 - convocado como conselheiro para a delegação alemã na conferência do Tratado de Versalhes. Foi também nomeado professor de economia nacional na Universidade de Munique
  • 14 de Junho de 1920 - morre em Munique vítima de uma pneumonia.